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Projetos de Pesquisa dos Docentes

CEFET-MG

Projeto Afrociências: produção e popularização do conhecimento científico no Ensino Básico, Técnico e Tecnológico

Última modificação: Sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Coordenadora

Profa. Dra. Silvani dos Santos Valentim

Visão geral

O Projeto Afrociências: produção e popularização do conhecimento científico no ensino básico, técnico e tecnológico [1] é uma proposta de intervenção escolar que objetiva, por meio de metodologias ativas, o letramento e a alfabetização científica nos processos de ensino e aprendizagem das Ciências, da Matemática e das Linguagens no ensino básico, técnico e tecnológico. A vertente etnoecológica deste projeto está alicerçada nas africanidades [2] e constrói uma simbiose [3] e cumplicidade com as Ciências Humanas e Sociais para cristalização de uma ecologia de saberes.

As instituições, lócus de materialização do projeto, incluem o Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) em Belo Horizonte e uma escola de ensino médio, localizada na região oeste da cidade de Belo Horizonte, em uma área com extrema vulnerabilidade social e uma imensa riqueza cultural, visto que está próxima a comunidade quilombola dos Luízes, que é reconhecida como patrimônio cultural do Estado de Minas Gerais. A escola estadual oferece educação dos anos finais do ensino fundamental, ensino médio e a Educação de Jovens e Adultos, sendo a unidade escolar a única entre os quatro bairros que faz fronteira que oferece o ensino médio. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica –IDEB desta escola, em 2017, era de 2,7, sendo que este índice combina o desempenho em exames padronizados como Prova Brasil e Saebe. O que confirma ser uma escola que apresenta uma baixa performance educacional.

Buscamos propostas metodológicas que permitam articular a adoção de práticas pedagógicas que provoquem rupturas no modus operandi da ciência eurocentrica enquanto verdade absoluta, apostando em outras experiências, vivências e produção de conhecimentos subalternizados, tornados inexistentes a partir da racionalidade hegemônica e encontramos nas metodologias ativas um solo fértil para visibilidade às vivências e práticas pedagógicas, alicerçadas nos saberes de tradição, na diversidade etnico-racial, na etnociência de origem afro-brasileira, seus modos particulares de classificar seu universo material e social.

Pensar em um ensino científico etnoecologico apoiado nas Africanidades é um campo de pesquisa incipiente e ao mesmo tempo inovador. É uma busca por (re)significação, uma releitura da produção, a reprodução e a operação de categorias identitárias não só de nação, de raça-etnia, mas também de condição social, educacional, de sexo, gênero e de projeto de futuro. Relaciona-se com a proposta de desobediência epistêmica, resistência a colonialidade cosmogônica e se insere no veio dos estudos interdisciplinares sobre raça, comunidades afro-brasileiras e dos estudos culturais que transmutaram  no currículo escolar no Brasil no inicio do século XXI.

Buscamos propostas metodológicas que permitam articular a adoção de práticas pedagógicas que provoquem rupturas no modus operandi da ciência eurocentrica enquanto verdade absoluta, apostando em outras experiências, vivências e produção de conhecimentos subalternizados, tornados inexistentes a partir da racionalidade hegemônica e encontramos nas metodologias ativas um solo fértil para dar visibilidade às vivências e práticas pedagógicas. Este projeto arvora-se na tríade ensino, pesquisa e extensão  e envolve um compromisso pelo aprimoramento do ensino e das relações de ensino aprendizagem na educação básica, mais precisamente no ensino médio. Configura-se como um projeto afimativo de direitos, que tem o intuito de contribuir com a possivel diminuição das disparidades etnico-raciais e de gênero na educação e garantir a igualdade de acesso à educação cientifica  e formação profissional  para discentes em situação de vulnerabilidade socioeconomica.


[1]Projeto de intervenção escolar contemplado com recursos da chamada 05/2019 CNPQ/MCTIC na linha 2- Intervenção escolar: Ações de intervenção em escolas de educação básica com foco em ensino de ciências.

[2]Por africanidades se está tomando o conceito elaborado por Silva (2003), em seu texto “Africanidades brasileiras: esclarecendo significados e definindo procedimentos metodológicos” para quem a expressão refere-se às raízes da cultura brasileira que tem origem africana. Refere-se à valorização da identidade étnico-histórico-cultural brasileira. São as marcas da cultura africana que, independente da origem étnica de cada brasileiro, fazem parte do seu dia-a-dia

[3] Uma relação mutuamente vantajosa, na qual, dois ou mais organismos diferentes são beneficiados por esta associação.

Objetivos

Atuar por meio de proposições teórico-metodológicas para realização de uma educação científica e formação profissional com atenção às africanidades na educação básica, técnica e tecnológica. Desenvolver uma ecologia de saberes para articulação e produção de conhecimentos impregnados de sentidos coletivos e identidades compartilhadas com significações culturais afroperspectivadas. Desenvolver propostas metodológicas que permitam articular a adoção de práticas pedagógicas que provoquem rupturas no modus operandi da produção de conhecimento eurocentrica enquanto verdade absoluta,

Especificamente, pretende-se:

  • Investir em  metodologias ativas e na investigação por projeto.
  • Proporcionar vivêncais pedagógicas alicerçadas nos saberes de tradição, na diversidade etnico-racial, na etnociência de origem afro-brasileira, seus modos particulares de classificar seu universo material e social.
  • Realizar atividades decapacitação e experimentação cientifica dos saberes culturais, históricos e científicos tradicionais de matriz Africana, afro-Brasileira, indígenas e das camadas populares.
  • Realizar tarefas multifacetadas com os estudantes envolvidos no projeto Afrociências, como:
  1. A realização de observações;
  2. O desenvolvimento de questões;
  3. a pesquisa em diferentes fontes de informação;
  4. o planejamento de investigações;
  5. a revisão do que já se sabe sobre a experiência;
  6. a utilização de ferramentas para analisar e interpretar dados;
  7. a exploração, a previsão e a resposta à questão;
  8. e a comunicação dos resultados.

Temas e Objetos de estudo

Metodologias ativas. Escrevivências [1]. Letramento e alfabetização científica. Educação das Relações Raciais. Educação Escolar Quilombola. Africanidades brasileiras. Ações afirmativas. Recursos didáticos afroperspectivados. Formação docente. Formação discente. produção e popularização do conhecimento científico no ensino básico, técnico e tecnológico. Pedagogia como modo de produção cultural.


[1] Enquanto método de investigação, de produção de conhecimento e de posicionalidade, implica utilizar-se da experiência da autora para viabilizar narrativas que dizem respeito à experiência coletiva. Ver mais em: EVARISTO, Conceição “Gênero e etnia: uma escre(vivência) de dupla face”. In: MOREIRA, Nadilza M. de Barros & SCHNEIDER, Liane (Orgs.). Mulheres no mundo – etnia, marginalidade e diáspora. João Pessoa: Idéia/ Editora Universitária da UFPB, 2005. p. 201 – 212.

Projeto detalhado